16 de dezembro de 2010

Batismo!!


No último dia 12 de dezembro, além de agradecer a Deus por meus 11 anos de batismo, pude comemorar junto com minha primeira turma de discipulado a decisão de descer as águas!
Foi uma incrível benção ver meus "aluninhos" tomando a decisão pública de cumprir a ordenança de Jesus!

Então, PARABÉNS ao João, Alisson, Lucas, Rodrigo, Bruno, Débora e Fernanda!!!






Preparando-me


Um tempo sem escrever gera muitas coisas... uma delas, talvez a principal, é a mudança. Não mudança de casa, ou de bairro, ou de país, mas a mudança de vida! Quando aceitamos a Jesus temos tanta alegria, tanta vontade de realizar a sua obra, que nosso desejo é realmente sair ao mundo! Quando dei este título, "preparando-se", pensei exatamente nisso. Na mudança que acontece em nossa vida quando resolvemos sair ao mundo em nome de Cristo.

O medo, a dúvida são sintomas presentes neste momento de decisão e novo percurso de vida. Nada importa quando se está sozinho nesta decisão, mas quando implica em deixar família, amigos, trabalho... Deus deve ser a única direção. Como uma missíonária disse, estes sentimentos são normais, mas temos que ter um foco, um só objetivo.

Acredito que as piores coisas para se arrepender, são as que não fizemos. Seja por medo ou dúvida. Neste caso, quando estiver se preparando (como eu estou) deixe tudo isso para trás e siga seu alvo, que é e sempre será Cristo!


"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte." 1º Pedro 5:6

7 de dezembro de 2010

O Evangelho numa canção dos Beatles


Li uma resenha na Veja dessa semana sobre o livro do Padre Marcelo, Ágape. Meteram o pau no texto do sacerdote-cantor, meu par. Longe da minha intenção, ocupar o tempo precioso dos meus treze leitores com uma discussão sobre as virtudes literárias ou teológicas do tal livro. Meu interesse é refletir sobre o comentário final da matéria: "fica a impressão de que o Evangelho inteiro cabe numa canção dos Beatles ". Fiquei com raiva do cara. Achei leviana a observação. Depois, aquiesci: cabe mesmo. Não que o mérito seja de Lennon e McCartney. A canção é até boazinha, não a melhor da sua lavra. Na verdade " All you need is love ", com aquela introdução cafona de banda marcial ( até justificada pelo clima pacifista e anti-vietnã: consta que o single for a o resultado de uma encomenda da BBC para a primeira transmissão ao vivo , via satélite, que se tem notícia. Data de 1967 ) nunca me conquistou. O mérito da frase "o Evangelho inteiro cabe numa canção dos Beatles " é do Evangelho, é de Jesus de Nazaré. John e Paul cavaram no inconsciente coletivo da sua herança cristã desprezada e esquecida ( ou seria Graça Comum, pura e simples? ) a verdade mais bela do Cristianismo: a resposta é simples – amor.

A mensagem de Jesus, o resumo da sua proposta, o coração da sua utopia comunitária-social-política, a revoleção de Jesus, como diria Brian MacLaren, é o amor. O amor é o tronco do qual todos os ramos da Vida Boa e Abundante do Reino brota, floresce, frutifica. Todo mundo sabe – ou deveria – que o farisaísmo inflacionou a Torá, a Lei descrita no Pentateuco. Os mandamentos de Deus viraram centenas e centenas. Haja jurisprudência e moralismo religioso! Jesus, com sua capacidade de síntese incomum, mesmo se comparado ao gênio de Sócrates, por exemplo, responde , certo dia, a um jovem em crise espiritual : tudo o que você precisa ( ter ) é amor. A Deus, acima e antes de tudo. Ao próximo como a você mesmo. O amor é tudo. Ponto.

Hoje cedo, café pingado e pão na chapa numa mão, a Folha na outra li com interesse duas colunistas. A primeira, psicanalista, refletia sobre uma crise contemporânea. Com singular felicidade e lucidez de raciocínio Anna Veronica Mautner escreveu: " A oralidade, tenho a impressão, está em crise. Todos fazem de conta que têm o que dizer. O valor das pessoas associa-se mais ao quanto têm a dizer do que ao que têm a dizer (… ) não estou criticando esse vendaval de palavras desnecessárias(…) só quero chamar atenção para esse fenômeno. " Ou seja, a natureza dos talk shows, o recheio das séries, novelas e o caldo grosso do entretenimento da TV, sem falar no sucesso do twitter, vai tudo por aí: " Blá-blá-blá. Ouçam o que eu tenho a dizer ". O que dizemos sobre o amor? Quem dizemos amar? No mesmo jornal a psicóloga, Rosely Sayão denuncia o desaparecimento da infância: "as crianças na atualidade, quando querem brincar não podem e , quando podem, não querem ou nem sabem". Seu argumento algo assustador para um pai ocupado como eu afirma que "a aquisição exagerada de brinquedos colaborou para que a brincadeira ficasse em segundo plano." Pior que é. Tudo o que uma criança precisar é de amor. De mor que se traduza em brincadeira. Não de brinquedos e mais brinquedos, sua iniciação na doença do consumismo. Amar uma criança é permitir que ela seja criança.

Na graduação tive um professor de linguística que marcou minha formação intelectual. Pelo bem e pelo mal. Bem: era brihante, o senhor Alfredo Felipelli. Italiano, cultíssimo. Entendia mais de Saussure e do idioma latino do que os Beatles de hits parades e fama. Seduzia com a bela logicidade cartesiana das suas palestras, com o vigor do seu raciocínio extremamente bem fundamentado et cetera. Mal: fingia que não nos enxergava quando cruzávamos com ele nos corredores da faculdade de letras. Ignóbil é a erudição que nos imagina superiores aos vis mortais que não sabem citar Cícero de cor! Talvez a medida do nosso tão propalado, cantado, propagandeado, alardeado, rimado, pregado, amplificado, anabolizado, maximizado, e no entanto, esvaziado, diminuído, desvalorizado, desmerecido, ridicuralizado, problematizado, empobrecido e desqualificado amor tenha a ver com o modo como lidamos com as pessoas simples, a tal gente humilde, no dia-a-dia ordinário, no chão das coisas e não no mundo das idéias. " Nunca se está diante de alguém comum", dizia C.S.Lewis. Ser cristão é viver segundo o Espírito. O que faz o Espírito Santo em nós, no fundo e na prática da nossa vida cotidiana? A essa pergunta respondeu Thomas Merton, em "No man is an Island" : " Ele nos atrai para o mistério da encarnação e redenção pelo Verbo que se fez carne. Ele não apenas faz-nos compreender algo do amor de Deus manifestado em Cristo como também faz-nos viver mediante a experiência do amor em nosso coração". Resumidamente, é isso. Isso tudo. De fato, o Evangelho cabe numa canção: "tudo o que você precisa é amor". Eu também.

Por Gerson Borges


Fonte: http://www.cristianismocriativo.com.br